domingo, 11 de abril de 2010

Eu lembro da Rizzo.

Poderia me lembrar de muitas fora a Rizzo. Tenho vários exemplos. Mas por alguma razão, hoje, somente a lembrança do dilema da Rizzo bate latente na minha cabeça. Talvez por ser um dilema musical. E música quando gruda, gruda.

Pelo motivo real em cima de fatos ficcionais é que afirmo a sentença:
nós preferimos as vilãs.

E por isso, na primeira oportunidade, fazemos cara de má na frente do espelho e tiramos dezenas de fotos com a nossa Sony caseira.... Mas,

Who’s bad?

Ser a mulher inatingível cansa. Cansa a beleza.

(E deve ser por isso que a madrasta má da Branca de Neve é obcecada em voltar a ser bela)

Ufs.

Já disse e reitero: É ótimo bancar a vilã, porém, o coração não usa salto Prada.
E quando percebemos o pobre coração correndo descalço é hora de você, a dona dele, também pendurar as chuteiras. Tirar o salto é descer do topo que nos torna inatingível.

Alguns encaram como uma derrota, como eu, até então. Mas a novidade, senhores, e também a dica que lhes dou, é: aceite o seu coração apaixonado.
E não só isso.
Aceite a sua situação de total fragilidade porque ela faz parte do pacote.
O pacote do coração apaixonado é cheio de surpresas. Viva cada uma delas.

Pagu, a imbatível e charmosa (e pegadora) militante comunista, já no começo do século XX dava pinta de mulher inatingível, e se autodefinia, companheiros, como
“Uma mulher de ferro com zonas erógenas e aparelho digestivo”.

Onde está o coração dessa moça? Escrevendo para o Partido na Rússia?
Claro que não.
Tava batendo, apaixonado por todos os homens que amou, mas com um salto plataforma que o deixava camadas e camadas acima da vã superfície.

Ai, como eu quero a vã superfície. Afinal, viver como que nas nuvens nos torna distantes da realidade. Do real. Do tangível.

Lembram do pega-pega congelou? Só saíamos do estado estático, do gelo, da inércia, quando alguém nos tocava. (Ahh como são felizes os exemplos infelizes).

É nisso que eu me lembro da Rizzo. Pobre Rizzo. Na canção-tema, curtinha curtinha, que cantava na trilha chiclete de Grease, sim, aquele musical que assistimos 100 vezes na Sessão da Tarde, ela, a garota má, tentava se equilibrar no salto.

Rizzo, meu deus, logo Rizzo. Rizzo sem vestido de bolinhas. Rizzo sem uma franja boboca na testa. Rizzo acima do bem e do mal, confessava solitária em sua canção que seria capaz de fazer inúmeras coisas improváveis e impossíveis, como ser um broto caseiro e certinho, mas que jamais, nunca, nunca, seria capaz de chorar na frente do amado.

É mais possível fazer o impossível do que derramar as suas lágrimas na frente dele.

Demonstrar fraqueza? Jamais!

Lá lá lá mas essa lua, mas esse conhaque botam a gente comovido como o diabo lá lá lá. É.
Drummond fica fraco e põe a culpa na lua e no conhaque.

Porque não assumir?!

Se fugimos desse estado de entrega e suas cartas ridículas é porque algo nos amedronta.
Só fugimos daquilo que nos mete medo. Fugimos do novo e do desconhecido.
E o medo é a não-vida.
O coma.

E o outro lado? O outro lado é aquele menino da escola com quem você repartiu o lanche, mas depois que rolou um beijo naquele dia, no recreio, ele passou a se esconder de você. Inclusive, fiquei sabendo que mudou de colégio.

Nenhuma sociedade é mais medrosa do que a moderna. Os homens e mulheres modernos.

A síndrome da Regina Duarte está, finalmente, me deixando.
Eu não tenho mais medo.
Eu não fujo mais.
E lamento muito por quem ainda o faz.

Decidi, senhores, decidi que não tenho mais medo da entrega.
Tiro agora o salto para quem chegar.
Quem chegar vai me encontrar descalça, os pés felizes vivendo bactérias e anticorpos. Acendi a luz e, vejam só, não há monstros debaixo da cama. Quero outra vez olhar e, tudo claro, ver que embaixo da cama só resta mesmo um par de saltos. Uma plataforma gigante, gasta, puída, fora de moda e que não me cabe mais.
Não me diz respeito.

Tantos anos apaixonada pela Luzia de Drummond (“tão alta que o beijo não alcançava”), agora, me parece vital deixar o quarto escuro da UTI, sem seqüelas de traumas, quedas e feridas anteriores, para me apaixonar por tudo aquilo pelo qual meu coração bate.
E bate livre, sem débitos e pagando pra ver. Afinal, viver a prestações pode sair muito mais caro.



Vídeo da Rizzo no link,
http://www.youtube.com/watch?v=RGUfn930F0Y&feature=related



(Renata Santana)

4 comentários:

  1. E eu tão poeta tiro chapeu para você que arrebenta!
    =*

    ResponderExcluir
  2. Impressão minha ou a Gata está de Amor Novo e morrendo de Paixões? hahaha hahaha
    Aproveite minha linda! Você merece tudo de melhor.

    Afinal já dizia Quintana que bom mesmo é morrer de Amor e continuar vivendo e a gente um dia percebe que isso é inevitável! *-*

    Grande beijo e tenha uma ótima semana :D

    ResponderExcluir
  3. Eba! Agora tenho mais uma companheira de pés no chão... :P

    Te amo!

    ResponderExcluir