terça-feira, 27 de abril de 2010

E por falar em mangaba,

senhores, eu apresento para o vosso deleite um dos meus poemas preferidos do escritor recifense Biagio Pecorelle.



Na cama, depois da praia.

Eu tramo hiatos no relicário do destino
talvez para adocicar a ação pétrea do tempo
talvez apenas para o adornar de miçanga
mas tu me sangra, tempo, sempre,
pela veia nau da nostalgia...

Eu lembro de Jandira,
sentada no beliche
prendendo cabelo e
fuçando na revista a
exuberância de Jocasta -
melhor dizendo, a lascívia de Vera Fischer.

que pena,
Jandira era muito mais.
coçava minhas cataporas
trazia pirulitos de helicóptero
pena que...

Minha bazuca de ovos falhou
já perto do céu,
na cobertura do edifício.
meu irmão chegou e tomou meu juízo pela orelha.

E Jandira?
o que fez?

calada estava
e espanando os móveis da sala
ficou.

se a mocidade fosse um copo de suco
(qualquer suco!)

colaria sempre um lábio no outro,
feito mangaba...
feito Jandira
na cama, depois da praia,
vacilando de maiô.

(B. P.)




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Diga mais nada.
(Renata Santana)










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