domingo, 18 de outubro de 2009

Id.


Idio, sim,
Crasia,
sim!

Chilique não.


Índio assim,
Crase em tupi,

Acenta não.

Indo sim,
Que um chão assim,

Assenta não.


Indócil,
Contigo, assim?

Acerta a mão!


Endosse,
Que um caso assim,

Defendo não.


Idio, sim,
Crasia,
Sim.

Chilique não!
.
(Renata Santana)

quinta-feira, 15 de outubro de 2009

Você é o som que você ouve?

Manhã de chuva no Recife.
Não é inverno, mas também não é verão, ainda, na verdade, é primavera... ainda que não tenhamos primavera.
Ainda que não tenhamos primavera as garotinhas de Recife cantam aos quatro ventos as canções dos Los Hermanos que sempre sempre falam de primavera (quando não, carnavais e colombinas tristes..)
(Los Hermanos é a banda mais “primavera” que existe).
Eu gosto da primavera.
Mas eu detesto Los Hermanos. (hihi...)

No último final de semana, um amigo de uma amiga me disse que eu tenho “mó cara de quem curte Los Hermanos”
(...)
Você é aquilo que você ouve? Mas, se você não ouve aquilo, que cara você tem?

(Fiquei preocupada)

O que será que saiu errado?
Foi o cabelo? Lembrei que nesse dia eu joguei a franja mais pro lado esquerdo (apenas porque creio que assim fico com ar mais jovial...)
Se não,
Foi a florzinha carmim que eu pus no cabelo. Ai meu deuuuuus..... foi a florzinha!!!
Maldita florzinha!
Maldita primavera bordô nos cabelos negros!

Eu juro que não sou Marcelo Cameliana, mas
Quem tem os cabelos curtos sabe muito bem que não há muita opção de penteado para eles, sendo assim, só nos resta usar e abusar dos adereços. No caso da florzinha foi fatal.

Não estou jogando palavras ao vento. Explico:
Quando o Marcelo Camelo lançou, no ano passado, o seu primeiríssimo CD solo, o SOU, o caderno Ilustrada, da Folha de São Paulo, convidou vários críticos musicais para comentar o novo trabalho do artista.

A página ficou tomada das mais diversas críticas. A que mais me chamou atenção foi a de um critico (não me perguntem o nome) que dizia:
“...é fácil reconhecer o público fã dos Los Hermanos, é aquele grupo de cults cujas meninhas flanam por aí com florzinhas de renda presas aos cabelos...”
(ele dizia mais, porém, vamos nos prender a este trecho.)

Ok. Deu pra entender a minha preocupação?

Tenho medo. Meeeeedo desses julgamentos. Eu tava lá, flanando pela cidade, demente demente jogando conversa fora com a minha singela, porém, funcional florzinha bordô a cumprir a sua função de temperar o “feijão com arroz” do cabelo, quando, de repente..

.............Tof!

Tome-lhe um rótulo bem no meio da minha testa!

Pois saiba:
Eu brinco de primavera,

- vamos, cigarras! Sair e comemorar com tulipas de cevada (hehe) a chegada da primavera, e
ainda que eu esteja com florzinhas a enfeitar os cabelos,

Eu não sou da estação Los Hermanos!!!!

Essa história de julgar é uma grande armadilha,
Ou vai dizer que os senhores algum dia na vida de vocês me olharam e conseguiram supor que eu,

Enxugo a louça no fim da tarde ouvindo Simone interpretar Suely Costa nos amores perdidos dos idos de 1970?

Ah, não?

Pois é.


(Renata Santana)

terça-feira, 13 de outubro de 2009

23.

Well well,
passou o inferno astral, chegou o aniversário, mas também já passou o aniversári0, e não resta mais nada nada a não ser a idade nova..
Tudo passou, e do tudo, agora só permanece a tal idade nova a inaugurar-se nos campos das fichas de inscrição...
Pois bem.
Em tempos de "ficar mais velha", caiu em minhas mãos hoje um poema que foi escrito pela minha irmã jus-ta-men-te na ocasião em que fiquei mais velha.

Foi há 15 anos.


Essa Menina
(Adriana Santana - 1994.)

Quem conhece essa menina?
Lá vem ela e lá se vai
Nunca pára num só canto
Vira e mexe, leva e traz

Pula aqui, pula acolá
Ouve tudo, tudo vê
Não se embrulha com perguntas
Sabe a tudo responder

Como fala essa menina!
Quem será que a mandou?
Sabe Deus Nosso Senhor!
Era anjinho trabalhoso
Brincalhão e gozador
Que de tanto aprontar
Enviaram para cá
Mas o céu até agora
Está de pernas para o ar

Quem segura essa menina?
Sempre inventa em que brincar
Canta, dança, pinta o sete
Está sempre a inventar
E em suas brincadeiras
Nem vovó fica de lado
No seu barco de alegrias
Leva todos a remar

Que doidinha essa menina!
Seu sorriso é sempre largo
E seus olhos sonhadores
A cabeça não se enrola
Sabe sempre o que querer
Tudo isso é o que a torna
Bem bonita de se ver

É assim que passa o dia
Essa menininha-mola
Que com as chatices da vida
Dança, brinca, deita e rola
E enquanto a TV mostra
Problemas e dura sorte
Tranqüila e sonhadora
Ela facilmente dorme

Então quem a observa
Com certeza imagina:

Quem no mundo pode haver que não ame essa menina?

terça-feira, 6 de outubro de 2009

Antes de partir

Passou,

A calça,
A camisa,
O paletó,


Engomou,


A cara
As malas
As crianças


E,
Na porta,

Tudo pronto
Tudo limpo
Sem um zinco,
Caminhou até o varal
E não deu o braço a torcer

Vestiu sua alma lavada,


E partiu.





(Renata Santana)